O que é um manual de identidade visual e porque é que é essencial em 2024?
Um manual de identidade visual é o documento físico e/ou digital que estabelece as bases da identidade visual de uma empresa. Graças a este documento, pode evitar que a sua marca caia em más práticas ou que a sua essência fique mal definida.
O que se entende atualmente por manual de identidade gráfica?
Também conhecido como manual de marca, este documento define as práticas, os limites e as proibições que regem a utilização da identidade visual de uma empresa. Por isso, é muito importante que este manual esteja pronto antes do início da atividade da empresa, para que a sua identidade visual seja respeitada desde o início.
No mínimo, a manual de identidade corporativa deve conter pontos relacionados com a identidade visual (logotipo, isótipo, etc.) e a sua construção, bem como as utilizações corretas e as proibições, a tipografia, as cores, as aplicações, a utilização para publicidade ou estacionário da empresa, entre outros aspectos.
Por que é que a minha empresa deve criar um caderno de identidade visual?
A sua principal função é garantir o cumprimento das regras que regem a identidade visual de uma empresa, ou seja, um guia da marca completa é para uma empresa o que uma constituição é para um país. Deve também eliminar todas as dúvidas e incógnitas sobre o logotipo, as cores, a tipografia, etc. de uma marca. Estabelece os critérios que irão reger a sua identidade visual e comunicativa.
Tomemos como exemplo os franchisados: é graças a eles que todos os estabelecimentos partilham exatamente a mesma identidade visual e são facilmente identificáveis pelos clientes.
Cada vez mais empresas fornecem um “pacote de boas-vindas” com uma cópia da carta gráfica a cada novo empregado, para que este possa conhecer melhor a marca e a sua ética de trabalho. Depois de a ler, o empregado deve ser capaz de compreender a empresa, o que faz, como trabalha e como comunica com os seus clientes.
Como posso criar um manual de identidade visual corporativa?
É um elemento que, embora numa versão reduzida e simplificada, acompanha o logótipo quando o confia a um designer. Assim, no preço de um “design de logótipo” que confia a um profissional, estão incluídos conceitos como pesquisa, esboço, resultado e justificação. Estes elementos constituem uma carta.
Mas cabe a cada empresa confiar a um profissional a criação de um manual de marca completa, profunda e pormenorizada. Embora isso implique um custo adicional, é uma despesa necessária e rentável: é perfeitamente possível atualizá-la e conservá-la durante o tempo que desejar.
Para ser bem estruturada e realmente útil, um guia da marca deve compilar uma série de dados essenciais.
Embora cada empresa tenha a sua própria carta, com diferentes graus de pormenor, existem sempre algumas informações essenciais:
Sobre a empresa
Uma breve apresentação da empresa para a contextualizar antes de continuar a ler.
Missão, visão e valores
Explica mais pormenorizadamente a razão da criação da empresa, o que pretende alcançar, a sua filosofia e forma de atuar, o que pretende transmitir ao seu público, etc.
A identidade visual da empresa
É aqui que tudo o que tem a ver com a comunicação visual deve ser perfeitamente detalhado (cores, tipografia, tom a utilizar, logótipo, variações e adaptações às plataformas, etc.).
Este é apenas um resumo muito breve dos pontos essenciais que o manual de identidade gráfica de uma empresa deve conter, cada um dos quais será explorado em maior pormenor mais adiante neste artigo.
Algumas cartas são mais longas e mais pormenorizadas do que outras; para cada empresa, há alguns pontos que são mais essenciais e necessários do que outros. Isto não depende da capacidade económica da empresa, mas sim da sua dimensão e reputação.
Apresentação de um manual de identidade corporativa
Quem é a vossa empresa? O que é que a sua empresa oferece?
Primeiro passo: apresentar a sua empresa e o que ela oferece aos seus clientes. Como se apresentaria a alguém que não o conhece? Este é o ponto de partida para uma boa carta.
Explique quem é, o que o inspira no seu trabalho: apresente o rosto mais humano da sua empresa.
Para o fazer, é aconselhável ser breve e direto e evitar divagações. Por outro lado, é aconselhável acrescentar imagens para melhor ilustrar a filosofia da sua empresa.
Missão, visão e valores
Segunda etapa: descrever a estratégia geral da sua empresa, ou seja, explicar a sua missão, visão e valores.
Missão: a missão de uma empresa é a sua razão de ser e deve ser capaz de responder às perguntas “quem sou eu” e “o que faço”. É geralmente expressa numa frase ou num parágrafo simples e claro. Por exemplo: “Ser um líder no sector, oferecendo produtos de qualidade a um bom preço e ser um visionário no que diz respeito às tendências”.
Visão: a visão é o objetivo que a empresa se propõe atingir num determinado período de tempo. É uma declaração de intenções, na qual descreve onde se vê num determinado período de tempo e como planeia atingir esse objetivo. Por exemplo: “Dentro de 10 anos, tornar-se a empresa líder na compra, restauro e venda de automóveis clássicos”.
Valores: por último, os valores de uma empresa são a forma como esta se descreve a si própria e o que pretende transmitir aos seus clientes. O desenvolvimento sustentável ou a igualdade são exemplos de valores com os quais uma empresa se pode identificar e com os quais o público se poderá identificar em contrapartida.
Todas estas “declarações de princípios da empresa” devem ser simples, claras e realistas. Não vale a pena dar prazos demasiado longos ou objectivos optimistas mas inatingíveis.
Identidade visual
Este ponto é geralmente subdividido em secções, porque o logótipo é apresentado em todas as suas formas e a sua construção, bem como as regras para a sua utilização e aplicação, são detalhadas.
1. Cores
Todas as cores utilizadas pela marca, tanto na sua imagem como no seu estacionário, sinalética, sítio Web, etc., são incluídas aqui. É importante especificar tanto a sua utilização como os diferentes códigos de cor, tendo em conta os diferentes suportes em que podem ser utilizadas:
RGB (red-green-blue), o que significa vermelho-verde-azul, é o sistema de cor digital para ecrãs de computador e monitores, razão pela qual este código de cor deve ser indicado para a representação digital do logótipo.
A soma dos três “canais” deste sistema de cores dá o branco.
CMYK (cyan-magenta-yellow-black), o que significa ciano-magenta-amarelo-preto (processo de quadricromia), é um sistema de cores subtrativas para trabalhos impressos. Permite representar uma vasta gama de cores e está bem adaptado aos suportes industriais.
A soma das três cores (ciano, magenta e amarelo) daria o preto, mas este não seria o preto tal como o conhecemos, mas sim uma tonalidade acastanhada, razão pela qual se adiciona tinta preta à mistura.
O hexadecimal é um sistema de cores para uso informático, ligado à linguagem de programação HTML.
Neste sistema, cada cor tem um código de seis dígitos, precedido de uma hashtag. Cada símbolo tem um significado:
- #XXXXXX: os dois primeiros dígitos representam a intensidade da cor vermelha
- #XXXXXX: o terceiro e o quarto dígitos indicam apenas a cor verde e a sua intensidade
- #XXXXXX: os dois últimos dígitos indicam a cor azul e a sua intensidade
O código hexadecimal completo de uma cor é formado pela soma das cores de cada par de dígitos. Por exemplo, a cor #FFFF00 é a soma do vermelho e do verde, sem o azul, ou seja, o amarelo.
A Pantone é uma marca americana especializada no fabrico de tintas. Dispõe de bibliotecas de cores nas quais específica a fórmula para criar tonalidades específicas.
O sistema baseia-se numa paleta de cores (guia Pantone) que contém pequenos cartões que indicam as cores a imprimir (em papel revestido e não revestido) e os códigos necessários para as reproduzir com exatidão.
Cada cor é descrita por um número acompanhado de um acrónimo conforme o material em que será impressa:
- M: papel mate
- C/CP: papel revestido
- EC: papel revestido segundo as normas da União Europeia
- U/UP: papel texturado (não revestido)
- TC/TCX: papel de seda
- TPX: papel normal
- Q: superfícies de plástico opacas
- T: superfícies de plástico transparente
2. Tipografia
A tipografia da sua empresa deve ser descrita em pormenor: o tipo de letra, a utilização de negrito ou itálico, as combinações possíveis, etc.
3. Linguagem
Como qualquer empresa, precisa de se comunicar com os seus clientes. Há muitas formas de iniciar uma conversa com os seus clientes e a forma escolhida pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso.
A linguagem refere-se às palavras, imagens e tom que uma empresa utiliza para comunicar, tanto internamente, entre os seus departamentos e empregados, como externamente, com os seus clientes.
São possíveis diferentes abordagens e há vários fatores a ter em conta. Uma empresa histórica, com vários séculos de existência, preferirá certamente uma comunicação mais formal. Por outro lado, uma empresa recente e moderna, dirigida a um público mais jovem, adoptará de bom grado um tom mais coloquial (respeitando os limites do profissionalismo).
Para que a linguagem seja eficaz, é necessário ter em conta três pontos:
Coerência
Os diferentes serviços da empresa devem utilizar a mesma linguagem, os mesmos termos e a mesma nomenclatura.
Clareza
Utilizar uma linguagem simples e clara, tendo em conta a experiência do utilizador.
Unicidade
Para criar laços fortes, a empresa deve, em primeiro lugar, definir claramente o seu público-alvo para saber qual o tom a adotar; um tom distinto e limpo, de acordo com o espírito da empresa, que lhe permita destacar-se da concorrência.
4. Logotipo
Como é que a marca é representada? Quantas versões do logótipo foram criadas? Chegou o momento de entrar em mais pormenores e apresentar os diferentes tipos de logotipo possíveis:
Marcas pictóricas (ou símbolos do logotipo)
O seu logotipo é uma imagem ou ícone, sem texto; trata-se frequentemente de representações gráficas abstractas ou simplificadas da marca. Um exemplo: Whatsapp.
Logotipos do monograma (ou lettermarks)
O seu logotipo é o nome da sua marca, escrito por extenso. Um exemplo: a marca ZARA, cujo logótipo é simplesmente o nome da marca escrito numa fonte serifada.
Emblema
O logotipo contém uma imagem e um texto sobrepostos, o que os torna indissociáveis; se remover um destes elementos, a marca deixa de ser reconhecível. Por exemplo: Lay's ou Burger King.
Marca de combinação
O logotipo contém texto e uma imagem; estes dois elementos são destacáveis, uma vez que não estão sobrepostos, e podem funcionar separadamente. Um exemplo: McDonald's, facilmente identificável quer pelo M amarelo, quer pelo nome completo da marca, quer por ambos combinados.
5. Zona de segurança
Tal como nós, o logotipo precisa do seu próprio espaço pessoal. Ninguém quer ver o seu logótipo ao lado ou em cima de outro. Para o evitar, pode ser criada uma zona à volta do logótipo, chamada zona de segurança, para garantir uma distância mínima de segurança em relação a qualquer outro elemento.
Para isso, o logótipo é apresentado na sua forma principal com uma grelha, onde é estabelecida uma unidade de medida inicial (chamada X) e a partir da qual se detalham as dimensões do espaço reservado. Este procedimento deve ser repetido para todas as versões existentes do logotipo, mantendo a mesma unidade de medida básica.
6. Construção
Não se trata de explicar e detalhar o processo de criação do logotipo - isso é algo que nem mesmo os designers gráficos são responsáveis por fazer - mas sim de indicar as suas proporções.
Por isso, o logótipo é geralmente apresentado numa grelha, enquadrada por uma unidade de medida de base (geralmente X), para que as proporções possam ser avaliadas.
7. Reduction test
Tudo tem os seus limites, e o mesmo se aplica à legibilidade de um logotipo. É por isso que, ao conceber o seu logotipo, é aconselhável verificar o tamanho mínimo que pode ser alcançado sem qualquer perda de legibilidade e visibilidade.
Para tal, é aconselhável representar a redução gradual do logotipo ou da imagem em relação ao seu tamanho original. Fazem-se cópias (geralmente colocadas lado a lado) e reduz-se gradualmente o seu tamanho. É importante legendar cada cópia com as dimensões de cada redução. Após várias repetições, será atingido um tamanho mínimo em que o texto se torna ilegível ou os pormenores imperceptíveis, tornando o logótipo inutilizável.
Uma vez atingido este valor, indicar claramente o tamanho que é preferível não atingir (a título de exemplo), bem como o tamanho limite para o qual o logótipo pode ser reduzido.
8. Versões e utilizações
Hoje em dia, dispomos de uma grande variedade de suportes nos quais o nosso logótipo pode ser representado.
Para evitar problemas de visibilidade ou legibilidade, é necessário criar várias versões do logótipo, para que este seja sempre adaptável.
É comum criar uma versão principal, horizontal e/ou vertical, em negativo, multicolorida e/ou monocromática, etc. Não se esqueça de legendar cada versão, indicando onde é utilizada e porquê.
9. Proibições
O que é que não pode fazer com o seu logótipo? Que composições são proibidas? Que personalizações devem ser evitadas? Adicionar elementos, alterar a cor ou a tipografia, rodar, etc. são modificações frequentemente efectuadas para adaptar o logótipo a feriados ou eventos do calendário, por exemplo.
Tudo o que se pretende proibir deve ser especificado nesta secção.
10. Aplicações
Nesta secção, mostramos-lhe alguns exemplos fotográficos de possíveis utilizações do seu logótipo, para que possa ver por si próprio como pode ser aplicado de forma mais prática.
O seu logótipo num camião de entregas, num cartaz publicitário, na fatura, numa caneta, etc. Não há necessidade de impressões e fotografias reais; podem ser simplesmente fotomontagens (feitas no Photoshop, por exemplo).
A simulação é mais do que suficiente, especialmente se a sua empresa ainda não puder fazer este tipo de investimento.